Tudo começou com uma verdadeira romaria quinhentos artistas sedentos por um espaço onde pudessem mostrar sua arte. A Primeira Surpreendamental Parada Voadora saiu da Praça Nossa Senhora da Paz rumo à ponta do Arpoador para saudar a inauguração do mais novo espaço cultural da cidade, o Circo Voador.
Primeira Surpreendamental Parada Voadora
A tenda do Circo Voador foi estendida, pela primeira vez, em janeiro de 1982 na praia do Arpoador, Rio de Janeiro. Administrado pelo produtor Perfeito Fortuna, o espaço logo se firmou como o principal celeiro de movimentos artísticos experimentais da época. Foi sob essa lona, por exemplo, que o Barão Vermelho e a Blitz foram revelados ao público. Foi lá também que surgiu um forte movimento teatral, liderado por Nelson Motta, Asdrúbal Trouxe, o Trombone, e Breno Moroni, o Chacal.
Nos tempos do Arpoador
Mas a passagem do Circo pelo Arpoador durou pouco. Três meses depois, a prefeitura desmontou a estrutura e pôs fim à fase beira mar. Como alternativa, o governo da cidade disponibilizou algumas opções de terrenos onde o Circo Voador poderia ser realocado. O escolhido foi aquele situado em frente ao Arcos da Lapa. Ali seria a nova sede. Para prestigiar a nova fase, foi promovida a Segunda Surpreendamental Parada Voadora. Em outubro de 1982, o mesmo grupo de artistas tomou as ruas do bairro boêmio para festejar a reinauguração.
Foi nessa mesma época que surgiu a rádio Fluminense FM. Trata-se da primeira rádio carioca dedicada ao rock nacional. Grande aliada do Circo Voador, a rádio lançou nomes como Lobão, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Kid Abelha, entre outros.
Primeiro show do Legião Urbana no Circo Voador em 1984
Mas no ano de 1996, para a surpresa de todos, o Circo Voador, principal palco do rock nacional, teve seu alvará cassado e foi fechado pela prefeitura. "Ninguém sabe o motivo direito, mas já ouvi dizer que foi uma questão política mesmo", diz Vivien Drumond, assessora de imprensa da casa. O que se diz é que a concessão foi retirada e o lugar interditado logo depois de um show do Ratos de Porão e do Garotos Podres. No entanto, não se tratava de um show qualquer. Naquele momento, Luiz Paulo Conde, sucessor do então prefeito César Maia, comemorava sua vitória nas eleições municipais e teve de escutar as vaias do público ali presente.
A consequência do mal estar político foi o fechamento até julho de 2004, quando foi reconstruído. O novo projeto é capaz de abrigar até 2.500 pessoas, como afirma Vivien Drumond. E mais, o Circo Voador passa a fazer parte da Área de Proteção do Ambiente Cultural dos Arcos da Lapa, como reconhecimento de sua absoluta importância para o cenário cultural da cidade do Rio de Janeiro.
Texto da lei que estabelece a Área de Proteção do Ambiente Cultural dos Arcos da Lapa
Desde então, o Circo vem sendo administrado, de forma independente, pela Organização Não-Governamental Circo Voador. Mas, sob a nova direção, pouco mudou. O Circo retomou seu espaço no cenário cultural carioca. Hoje, a casa também é aberta para exposições, projetos sociais, além de oferecer diversos cursos. Enfim, a lona sagrada conseguiu sair do imaginário carioca e, para a alegria de todos, voltou a se tornar realidade.
Site oficial do Circo Voador
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